27 de mar. de 2013

Este Jesus me provoca*



 

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(Tradução livre do alemão “Dieser Jesus provoziert mich”, da autoria de Pe. Zezinho, SCJ)

Eu me perturbo e irrito e Ele me diz: sossega, perdoa!
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Eu tenho medo e Ele me ordena: coragem!   
Eu duvido e Ele me sussurra: confia!   
Eu estou amedrontado e apavorado e ele me diz: fica tranqüilo!
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Eu quero ficar sozinho, na minha, e Ele me convida: vem e segue-me!
Eu traço planos e faço sonhos e Ele me desafia: renuncia a eles!
Eu quero certezas e Ele me assegura: eu não lhe garanto nada!
Eu ajunto bens e seguranças e Ele me sugere: deixa-os!
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Eu quero viver para mim e Ele me propõe: entrega tua vida pelos outros!   .Eu acho que já sou bom e Ele me provoca: isto não basta, tu podes ser melhor!    
Eu quero cargos e mandar e Ele me segreda: experimenta servir!   
Eu quero dar ordens e conselhos e Ele me diz: obedece!    
Eu quero compreender e Ele me interpela: crê!
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Eu quero clareza e precisão e Ele me ensina em parábolas!
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Eu quero poesia e me refugio na fantasia e Ele me fala da crua realidade!   
Eu quero minha tranqüilidade e Ele me enche de inquietação.    
Eu quero me impor pela força da guerra e Ele me pede lutar pela paz!   
Eu apelo para a espada e Ele me convida apostar na palavra da profecia!    
Eu decido dar o troco e me vingar e Ele me sugere: apresenta a outra face!    
Eu procuro a paz do comodismo e do descompromisso e Ele me desafia: sai da moita e dá teu testemunho!    
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Eu busco contornar e tapear e Ele me diz que preciso da honestidade e da ousadia!    
Eu quero ser importante, grande, e Ele me cobra: sê pequeno e serve!    
Eu procuro me esconder e fugir e Ele me propõe: mostra tuas obras e sê luz!
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Eu aspiro pelo primeiro lugar e Ele me diz: senta no último!
Eu quero ser visto, aparecer e ser apreciado e Ele me diz: sê discreto!
Não mesmo! Este Jesus eu não entendo! Ele me provoca e desinstala!
Como vários de seus discípulos, eu também quereria outro Mestre a seguir, que fosse mais condescendente e menos exigente!
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Mas, assim como Pedro, eu sei muito bem que não há outro Mestre que tenha palavras de vida eterna. Por isso decidi: com Ele quero ficar, como discípulo; em nome dele quero partir, como missionário!
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19 de mar. de 2013

Horizontes



 
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O coração ainda batia. Numa fração de segundo, ela viu acontecer em sua vida muito daquilo que outrora pensou. Seu olhar a mirar o horizonte, agora ousava perceber não estar mais tão longe da realização daqueles anseios. Ainda que discretamente, seus olhos podiam ver, sem máscaras, sua própria história. Não mais preocupada com a exposição de outros olhares ao seu redor, mas fixada no olhar Daquele que não a decepciona. E, quando seus olhos se abriram, viu que todos os seus anseios estavam guardados no coração do seu Senhor, esperando o momento certo para desabrochar. E ela, vê a vida, agora, como num espelho, e compreende os porquês de tantas coisas... E ao olhar o horizonte, carrega em si a esperança e a alegria de alguém que foi encontrada. E, uma vez encontrada, Deus não a abandonará.

3 de mar. de 2013

NÃO SOMOS DONOS DE NOSSAS VIDAS*



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Observe o pequeno peixe no mar, a formiga no tronco de árvore e o pequeníssimo camundongo no pátio. De repente, um animal maior os come vivos. Cumpriram sua finalidade? Nasceram para serem comidos? A fruta nasceu para dar sementes, ou para ser comida? Ou para as duas funções? E os animais? Porque se devoram? Porque os seres humanos se matam, se anulam ou se derrotam?
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Não somos donos da nossa vida. No carro, na bicicleta, sob a marquise, n avião, na calcada, em casa, um acidente, que poderia acontecer a qualquer um, acontece conosco. Era para ser daquele jeito? Está escrito que deveríamos perder as pernas, morrer de câncer ou de diabetes? Porque nós? E aquela disfunção que veio de repente? Estava no DNA? Adiantaria saber com antecedência? Teríamos como evitar? Adianta ao peixe sentir que vai ser comido vivo, se não tem como escapar.
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A criação é finita e é por isso que se reproduz. Folhas, sementes, frutas, animais, aves, répteis, homens e mulheres se reproduzem para se perpetuar porque o indivíduo morre! Geram seres parecidos consigo, com pequeníssimas diferenças. Raramente acontecem diferenças notáveis. A árvore que gera frutos e sementes, avisa que um dia vai morrer e que será substituída. Fazemos o mesmo com nosso corpo e com as nossas idéias. Homem e mulher se acasalam porque consciente ou inconscientemente querem se perpetuar. A repetição de carinhos é desejo de perpetuar num sentimento, que às vezes nem pode ser chamado de amor. O carinho passageiro era para não durar. Também semeamos idéias e fazemos discípulos, porque queremos que nossos conhecimentos e nossas crenças se espalhem e sobrevivam a nós. Há quem funde uma religião e até use de truques desonestos para perpetuar o seu jeito de crer. 
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No fundo, é porque sabemos que passaremos e queremos deixar sinais, pegadas e raízes. Quem escreve livros quer legar alguma coisa. O inventor de um avião certamente não o fez para si mesmo. Queria deixar algo de si para o futuro. Pôde fazer e fez alguma coisa duradoura, antes de morrer.
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Voltemos à formiga, ao peixe e ao camundongo. Qual a sua finalidade? Cumpriram o projeto do Criador? É projeto do Criador que alguém coma o outro vivo? Ou é desvio? Se é desvio, porque o Criador não interveio? Só porque não gostamos, ou não entendemos algum fato, ele é ruim? Só é bom o prazer? Como pode ser bom o prazer de comer carne, se uma vida foi sacrificada para isso? Será bom em si, tudo o que nos faz bem? A vitória que é boa para nós, não é ruim para o derrotado? Perder é sempre ruim, ou há perdas que salvam? Morrer é melhor, ou é pior que viver? Ou, faz parte do processo! O que é melhor para a fruta? Amadurecer e cair de podre, ou ser colhida e comida? Comê-la é melhor para nós, mas será melhor para a fruta? Existe um projeto? 
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Tais perguntas podem nos aproximar ou afastar de quem nos criou. Depende do papel que desejamos exercer na vida. Filhos de Deus que querem saber das coisas, ou patrulheiros de Deus que acham que seu projeto é, ou deu errado!
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*Padre Zezinho - SCJ
Fonte: http://www.padrezezinhoscj.com/wallwp/artigos_padre_zezinho/comportamental/nao-somos-donos-de-nossas-vidas