15 de fev. de 2014

Atenção, mulheres, não se esqueçam de amar*

A qualidade de sua vida depende do amar
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Cresci ouvindo conselhos que diziam mais ou menos assim: “Estude bastante para conseguir um bom emprego e ter o seu próprio dinheiro. Se você não estudar, vai depender dos outros a vida inteira”. O tempo foi passando e continuei tentando corresponder a essas dicas, principalmente porque vinham de pessoas que queriam o meu bem mais do que tudo neste mundo. Sem dúvida, foram bons conselhos e me ajudaram a ser responsável e coerente com meus estudos e minha vida profissional. Mas fico pensando o que seria de mim se não tivesse tido também a graça de ser esclarecida que, acima de tudo, meu valor não está naquilo que eu faço ou nos bens que eu possa adquirir, mas sim naquilo que eu sou como pessoa, ou seja, no meu caráter e na minha dignidade de filha amada de Deus.
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Hoje, pela missão que Deus me confia na Comunidade Canção Nova, lido com muitas pessoas e escuto partilhas, principalmente de mulheres pedindo ajuda para reencontrar um sentido na vida, que, talvez, tenha se perdido por levarem tão a sério aqueles tipos de conselhos. São mulheres profissionalmente realizadas, mas inquietas, pois percebem que alguma coisa se perdeu pelo caminho e sentem vontade de voltar para procurar, mesmo sem saber o que foi perdido. Fazem compras, viajam, tiram fotos e curtem novos contatos, mas o coração permanece vazio. Será que é por falta de amor?
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No filme "Titanic", há uma frase de que gosto muito: “O coração de uma mulher é um oceano de mistérios”. E são tantos mistérios, que até nós mulheres levamos a vida inteira os admirando e tentando lidar com eles, já que os desvendar é impossível. A meu ver, são exatamente esses mistérios ou segredos que tornam o coração da mulher um “território sagrado”, feito para amar e ser amado, parecido com o coração de Deus. O problema é que, constantemente, nós nos esquecemos disso, ou pior: nunca soubemos.
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Nestes dias, recebi a partilha de uma moça que retrata o que digo:
“Minha vida não é diferente da de muitas mulheres que conheço com minha idade. Estou na casa dos trinta e me pergunto: O que será que me falta para ser realmente feliz? Profissionalmente falando, estou realizada. Terminei meu doutorado, tenho um ótimo emprego, casa própria, carro, viagens e tantas outras coisas que sempre quis. Claro que batalhei muito para chegar onde estou, mas não sei se valeu a pena... Nunca fui de ter muitos namorados; na verdade, meus relacionamentos foram todos complicados e marcados por experiências sexuais. Sempre quis ter um relacionamento sério e partilhar de momentos como o namoro, a amizade, o noivado e o casamento, mas fico presa a tantas coisas, algumas ligadas a traumas de infância, e não consigo ir em frente. Emfim, tenho sede de amar, mas acho que não sei como nem por onde começar. Vejo o tempo passando e sito-me cada vez mais perdida. Como é difícil saber dosar este tempo da espera! Pode me ajudar? “Não sei se estou sabendo falar com Deus”.
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Respondi para ela o que digo também a você, que, talvez, esteja vivendo algo semelhante. Tenha calma! Deus está ouvindo suas súplicas, sim, e quer ajudá-lo a encontrar a felicidade.
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Sem a pretensão de apresentar uma fórmula mágica que irá resolver seus problemas, partilho algumas pistas baseadas em minhas experiências e em ajudas que recebi de algumas pessoas durante minha caminhada espiritual.
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Primeiro, proponho que você responda uma coisa: "O que, realmente, você quer?". Acontece que, a maioria das pessoas que chegam a perceber que “falta um sentido em sua vida”, já foram tão programadas sobre o que deveriam querer e fazer que não sabem o que realmente querem. Neste caso, conseguir discernir o que quer e admitir que precisa de ajuda para chegar lá já é um grande passo. A segunda dica é refletir sobre suas escolhas antigas e tentar perceber o que houve de errado e à qual fantasia ou ilusão do passado você ficou presa.
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Tenha a coragem de refletir sobre isso sem pressa. É preciso “arrumar a casa” e analisar o que realmente vale a pena guardar. Faça uma limpeza geral nas "gavetas" e nos "armários" da sua alma e analise seus afetos. Isso vai lhe permitir jogar muitas coisas fora, deixando espaço vazio para receber o novo que Deus quer lhe proporcionar. Pode ser que você sinta medo de mexer em coisas antigas e queira passá-las adiante. Não faça isso. Coragem! Ajudada pela graça de Deus, assuma sua verdade e reconcilie-se com ela por mais difícil que seja. A Palavra de Deus nos diz: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
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Outra dica: não culpe ninguém! Lembre-se de que nós somos pessoas livres e o que nos acontece é sempre resultado de nossas escolhas; portanto, não caia na tentação de culpar as pessoas e se eleger como vítima, porque isso só atrapalha o processo de cura que Deus deseja realizar em sua vida. Você precisa entender que tudo o que viveu, inclusive os acontecimentos dolorosos e os relacionamentos que não deram certo no seu passado, foram necessários para seu crescimento e Deus não está alheio a nada disso.
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Procure reconstruir sua história sempre a partir da verdade, pois quando você a acolhe faz uma grande descoberta: percebe que é capaz de amar e começa a amar.
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Amar a Deus, a si mesmo e aos outros.
Sim, a si mesmo e depois aos outros. Somente quando conseguimos nos aceitar e nos amar como somos, é que conseguimos dar amor às pessoas. Sou testemunha disso; enquanto busquei preencher minha vida com o amor que eu recebia, nunca me sentia plenamente amada, era como se meu coração fosse um saco sem fundo; recebia amor, mas nunca era o suficiente. Já se sentiu assim alguma vez? Não se desespere. Tem jeito! Vivendo o processo de cura interior, fui cada vez mais me aceitando e me amando como sou, e essa experiência capacita-me, a cada dia, a levar o amor também a outras pessoas.

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O fato é que não podemos dar aquilo que não temos; então, se você conseguir se amar e se aceitar, isso já é maravilhoso. Quando conseguimos dar amor a nós mesmos e nos redescobrimos como pessoa importante, valiosa e querida por Deus, é como se nascêssemos de novo, e isso abre nosso coração para recebermos o amor guardado por outras pessoas para nós.
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Portanto, agora que você já sabe que é amada incondicionalmente por Deus, não se esqueça de amar a si mesmo. Lembre-se de que a qualidade de sua vida depende desta condição: amar. Deus nos criou com um coração parecido com o d'Ele, a fim de, por nosso intermédio, revelar Seu amor à humanidade. Talvez seja por isso que, para nós mulheres, amar é viver.
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Apaixone-se por si mesma e seja paciente com seu processo
. Tenha a coragem de jogar fora o que já não lhe pertence e abra as janelas do coração para que entre o ar puro e refrescante do amor, trazendo vida nova aos seus dias e sentido para tudo o que a Divina Providência lhe permitir viver daqui para frente.

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Seja feliz! Estarei unida a você.
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*Dijanira Silva 
(missionária da Comunidade Canção Nova, atualmente reside na missão de São Paulo. Apŕesentadora da Rádio CN América - SP).